domingo, 23 de novembro de 2014

TAP VENDE UM A340 PARA OBTER LIQUIDEZ

Airbus A340

A operação é uma das soluções encontradas pela companhia para aguentar o processo de privatização e, a situação não é confortável. Por isso, no início de novembro, dias antes do anúncio de relançamento da venda da TAP, a administração reuniu com o Governo para apresentar soluções, confirmou fonte governamental ao Expresso. Objetivo: criar uma almofada de liquidez que permita à empresa aguentar o processo de privatização, já que, de um modo geral, o financiamento costuma ser mais limitado no período em que decorre este tipo de operações - os bancos preferem "esperar para ver" o que acontecerá ao negócio.

Uma das soluções que a TAP está a negociar para melhorar a sua tesouraria é a venda do A340, para lhe ser alugado de volta, através de uma operação de sale and leaseback. A administração da empresa equaciona, assim, a alienação de ativos (há outros na calha) que lhe permita ter garantias em termos bancários.

São soluções que a companhia e o Governo esperam servir para enfrentar os meses de "época baixa" no sector, com menores possibilidades de financiamento (consequência do processo de privatização em curso) e uma tesouraria que se deteriorou nos últimos meses.

A TAP não revela o estado atual da sua tesouraria, mas fonte oficial reconhece que "há meses do ano menos folgados de tesouraria do que outros devido ao caráter sazonal da nossa operação, situação que este ano é ainda influenciada pela dificuldade de transferência de receitas de alguns mercados".

O Governo da Venezuela, por exemplo, tem 100M EUR retidos, segundo o jornal "Público", provenientes da venda de bilhetes de avião. Mas não é o único. A TAP confirma que a retenção destes pagamentos já ascende a 130M EUR, que têm estado dispersos, ao que o Expresso apurou, por países da América do Sul e de África, nomeadamente Angola.

Impacto da operação de verão
A situação agravou-se também devido ao acréscimo de custos com a operação de verão. Só durante o mês de junho, segundo as contas feitas pelo Expresso, a TAP tinha gasto mais de 2,5M EUR com fretamentos. Logo a seguir, na primeira quinzena de julho, a companhia operou 214 voos em fretamento (tinha fretado 136 no primeiro semestre do ano). Mais tarde, em setembro, ainda operou cerca de 200 voos com aviões fretados.

Ao mesmo tempo, foi atrasando e cancelando voos. Na altura, o presidente executivo da companhia, em carta aos trabalhadores, dava conta de 468 voos cancelados entre 1 de junho e 30 de julho, quase o dobro dos 250 voos que tinha cancelado no primeiro semestre. Durante o verão, houve por isso um aumento do número de pedidos de indemnizações relativamente aos atrasos e cancelamentos nas ligações da TAP.

Questionada sobre o impacto da operação de verão (custo dos fretamentos e das indemnizações a pagar aos passageiros), fonte oficial da TAP responde: "Não está feito um levantamento exato sobre as consequências das irregularidades operacionais havidas". Mas acrescenta: "Na operação de uma companhia de aviação há sempre inúmeros fatores, negativos ou positivos, que no final do ano vão ter expressão nos resultados. Por exemplo, os três dias de greve verificados nos últimos meses tiveram um impacto de magnitude de expressão muito significativa". A TAP estima que o prejuízo de cada um dos dias de greve ronde os 5M EUR.

Ainda esta semana, Fernando Pinto revelou mais um dispêndio de tesouraria. A companhia liquidou cerca de 70M EUR da dívida para com o Estado brasileiro, relativa à TAP Manutenção & Engenharia Brasil, retirando 20M EUR à tesouraria do grupo TAP.

Do lado dos investimentos, as decisões que possam interferir no valor da privatização ficaram congeladas. A intenção de Fernando Pinto em "acelerar o processo de substituição da frota da Portugália (PGA)" caiu, assim, por terra. Esta semana, o gestor anunciou que esses planos foram adiados para depois da venda da TAP. "O processo de renovação da frota da PGA foi alterado porque nós sentimos que iríamos ter um problema semelhante ao que tivemos com a TAP se renovássemos no curto prazo", afirmou Fernando Pinto.

Fonte: Expresso

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