domingo, 24 de maio de 2020

Apontamentos de viagem … o PZL W-3 Sokol CS-HFA



Trago-vos aqui hoje mais uma partilha fotográfica, e à laia de peripécia, conto a sua história.

Estávamos nos idos de 2001, primeiro ano do novo milénio, um ano de viragem, quanto mais não seja, de viragem das folhas do calendário. Foi um ano rico de eventos aeronáuticos em que participei e, em Setembro, preparava-se mais uma deslocação, juntamente com mais alguns amigos, num percurso que nos levaria do Porto ao coração do Alentejo, em busca de aviões obviamente, ao Portugal Air Show, em Évora.
Socorro-me de um texto antigo para ilustrar o que quero dizer …

Porém, o dia anterior à nossa deslocação foi rico em “acontecimentos aeronáuticos”, na medida em que, e estava em casa a fazer não sei bem o quê, penso que a por a “máquina” a lavar a louça do almoço quando a minha esposa diz qualquer coisa à cerca de uma “avionete” da polícia que tinha caído no centro de Manhattan? Nem me mexi, continuei a fazer o que estava a fazer, e pensei cá para os meus botões que era mais uma peça sensacionalista, disparatada, uma “avionete” não existe e a polícia de Nova Iorque usa, quando muito helicópteros, e eu sabia que não se pode sobrevoar a baixa altitude algumas das zonas de Nova Iorque. Deixei-me por isso estar com os afazeres domésticos com que estava entretido, perdão, a pôr a louça na “máquina”.
Quando acabei fui até à sala e tentei perceber o que raio era que estava a acontecer, através do directo. 
Enquanto percebo e não percebo, eis se não quando, um avião entra na 2ª torre! 
Caiu-me tudo! Fiquei a tentar perceber porque raio de carga de água, algo que se assemelhava a um Boeing 767, entra por uma das torres dentro! Parecia tão estranho, tão irreal, a atitude do avião e a forma como entrou, fazia pensar em acto deliberado algo que, não fazia muito sentido, ou sentido nenhum! Fiquei tão confundido e sem perceber como podia tal acontecer.
O resto é o que toda a gente sabe, acerca de todos os acontecimentos daquele dia. Até me deitar fui seguindo as notícias à medida que elas chegavam. Incrível, tudo.

No dia seguinte, portanto dia 12 de Setembro de 2001, em que fomos para Évora passando por Barrô (Águeda), Santa Comba Dão, Canas de Senhorim, Pinhanços (Seia), Covilhã, Penamacor, Alcafozes, Santo André das Tojeiras, e Proença-a-Nova, para além da estopada, e de eu a chatear o pessoal para não demorarmos muito tempo em cada local, porque de outra forma não conseguiríamos ir a todos os locais do percurso, destaca-se talvez um pequeno episódio que se passou em Penamacor, na helipista da Aliança Florestal/CELPA, que fica ligeiramente a Sul da vila.

Quando lá chegamos não estava o helicóptero porque, segundo nos informou o mecânico, tinha ido combater um incêndio mas que, não tardaria muito estaria a chegar, pelo que decidimos esperar um pouco para, quando aterrasse, pedirmos ao comandante para o fotografar. Este helicóptero foi de modelo único em Portugal, operado pela Heli Bravo, nomeadamente em combate a incêndios, aqui baseado a soldo das empresas de produção florestal, como a CELPA, mas também, quando necessário, integrando o esforço conjunto dos meios de combate. De facto, não esperamos muito, e lá veio o helicóptero.
Mal desliga o motor, e antes que pudéssemos pedir o que quer que fosse, já um dos pilotos estava do cockpit a acenar que não, veio ter connosco ainda a esbracejar negativamente, dizendo que não era permitido fotografar o helicóptero por questões de «segurança nacional», devido ao estado de alerta em que se encontrava o País, fruto dos acontecimentos nos Estados Unidos no dia anterior, o que estaria na origem dessa proibição. 
Não insistimos muito, polidamente agradecemos e saímos ordeiramente para a etapa seguinte do percurso, que por acaso foi o almoço, não longe dali. 
É claro que, ele não se teria apercebido que o que tínhamos pendurado nos ombros não eram Kalashnikov’s, e sim máquinas fotográficas. Enfim… quando estávamos já a uma boa distância, comentamos: ora, o que vale é que já o fotografamos durante a aproximação e aterragem.

E pronto, nada mais a acrescentar, deixo-vos com as digitalizações dos slides que fiz, do único PZL W-3 Sokol, operado pela Heli Bravo, com o registo CS-HFA (ex SP-SYI).





Rui “A-7” Ferreira
Entusiasta de Aviação


Duas imagens do mesmo helicóptero, ainda com o registo polaco 
SP-SYI, no hangar em Tires, em Março de 2001.




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